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Como lidar com a explosão emocional de nossos filhos, integrando seus hemisférios cerebrais direito

  • Foto do escritor: Psicóloga Jane Brito Lopes
    Psicóloga Jane Brito Lopes
  • 29 de ago. de 2021
  • 6 min de leitura

Como lidar com a explosão emocional de nossos filhos, integrando seus hemisférios cerebrais direito e esquerdo?


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Antes de iniciarmos este nosso assunto, é importante trazer que a formação do nosso cérebro se inicia na fase intrauterina, tem uma continuidade após o nascimento, e se finaliza no final da adolescência, por volta dos vinte quatro anos, com a formação do nosso córtex pré-frontal. Esta última área cerebral a ser formada é responsável pelas funções executivas, que são: planejamento, controle inibitório, tomada de decisões, flexibilidade executiva, memória operacional, atenção, categorização, fluência, criatividade. O cérebro da criança, portanto, biologicamente não está em condições de gerir a si própria e as suas circunstâncias de sua vida. Mas, nós pais e profissionais da saúde e da educação podemos oferecê-la um direcionamento mais consistente e seguro, como veremos , a seguir.


Nos primeiros anos de vida a nossa criança funciona muito pelas ativações do hemisfério cerebral direito. Nele estão as emoções, a leitura dos sinais não verbais que acontecem no seu entorno e em seus relacionamentos e interações. Também percebemos uma atuação muito intuitiva. O início mais rudimentar da utilização do hemisfério esquerdo cerebral, por parte dos nossos filhos, acontece com o início da fase verbal, isto é, do uso das palavras e, também, junto com a fase dos “porquês”.


Nós, pais e profissionais da saúde e da educação, reconhecemos esta etapa, pela sequência infindável de porquê isso ou porquê aquilo. Podemos em algum momento achar cansativo, mas esta nossa atenção e paciência a este momento de início de um pensamento lógico, linear de nossos filhos ou alunos vai ser significativo para que ele(a) compreenda, através da linguagem, um pouco da relação de causa e efeito sobre o que tenha ocorrido, dentro da sua capacidade perceptível.


Tanto as crianças, como nós adultos, precisamos aprender a fazer esta comunicação entre estes dois hemisférios cerebrais. Estes dois hemisférios se conectam com a ajuda de um conjunto de fibras, chamadas de corpo caloso, tendo a função de fazer com que estes dois hemisférios trabalhem em conjunto.


E por que precisamos integrar o nosso cérebro, isto é, o hemisfério direito e o esquerdo?


- Esta é uma pergunta importante! Se o hemisfério direito assumisse todo controle, ignorando toda lógica e raciocínio do hemisfério esquerdo, seríamos uma inundação emocional. Isto não ajuda nem às crianças e muito menos a nós, adultos. Mas, se o contrário ocorresse e tivéssemos apenas a atuação do hemisfério esquerdo cerebral, seríamos uma frieza emocional total, com pura lógica e racionalidade. Não seria nada bom! Concordam?


É, por esta razão, que trazemos a importância de ensinarmos e aprendermos a fazer esta integração das duas metades do nosso cérebro.


Então, como ajudar nossos filhos ou alunos?


-Primeiro podemos observar como é o nosso modelo de funcionamento familiar: se agimos com extrema emotividade e impulsividade ou na frieza e racionalidade. Observem que são dois opostos, sem um funcionamento equilibrado e assertivo. Isto não ajuda nossas crianças. Se não sabemos como podemos lidar com nossas “explosões” ou demandas pessoais, podemos buscar uma ajuda profissional, através de um Treinamento de pais ou uma psicoterapia, de forma a sermos modelos positivos.


- outro ponto importante é, buscarmos uma conexão do nosso hemisfério cerebral direito com o hemisfério direito de nosso filho(a). Como podemos fazer isso?


-Nos mostrando sensíveis e sintonizados com a sua emoção, através da nossa postura e expressões faciais. Nossa criança precisa sentir que não está sozinha diante da sua inundação emocional. Isto conforta os nossos filhos.


Este é o momento de escutarmos carinhosamente e de forma imparcial a nossa criança, com toda a atenção que ela merece, neste seu momento. Agora, nossa próxima etapa é integrar os dois hemisférios. Podemos chamar esta ação de “redirecionar com o hemisfério esquerdo”.


Perfeito, e como fazer isso?


Algumas vezes, teremos de esperar um pouco mais que nosso filho(a) se acalme. Se preciso podemos oferecer algo para comer ou a possibilidade de um soninho reparador. Finalizada esta etapa de acolher emocionalmente a nossa criança, de forma empática, precisamos direciona-la para o momento presente, de forma que nosso filho(a) visualize o fato ocorrido, consiga nomear a sua emoção e a de quem interagia com ela, trazendo e organizando os detalhes, nomeando os medos e as emoções para que a criança consiga lidar com elas.


Caso nosso filho(a) não queira conversar, é preciso respeitar este seu momento, silenciarmos neste nosso movimento de intervenção, sempre nos colocando à disposição em um outro momento, quando nosso filho(a) queira conversar e ser ouvido. Podemos convidá-lo a fazer desenhos sobre o que aconteceu ou, se a criança tiver capacidade, ela pode escrever. Contar histórias é um recurso muito positivo para ajudar que nossas crianças processem suas emoções. Crianças gostam muito de ouvir historinhas e podemos direcioná-las às situações de vida similares aos eventos que nosso filho(a) passou. Podemos pedir ideias para a nossa criança, sobre o que o personagem poderia fazer. Crianças gostam muito de histórias de bichinhos. Em alguns momentos, podemos perguntar “Como será que ele se sentiu?” “E se isto acontecesse com você?” “Como eles poderiam ficar bem ou amigos de novo?” e outras perguntas, que se façam pertinentes.


Gosto de lembrar que, por volta dos quatro anos, a criança tem capacidade para iniciar o aprendizado da empatia. E, somos nós pais, com a escuta ativa e o redirecionamento que poderemos fazer com que a nossa criança consiga sentir o sentimento do outro, o seu e, também, o nosso.


Outro detalhe importante é que, quando iniciamos uma história e convidamos a nossa criança para dar uma sequência, nos eventos relatados, ela obrigatoriamente terá de fazer um pensamento sequencial, linear, colocar em ordem os acontecimentos e, assim, neste momento estará fazendo uso do seu hemisfério cerebral esquerdo, ligado mais a racionalidade.


Quando, numa inundação emocional de nossos filhos, o ajudamos a colocar os acontecimentos em ordem, dando nomes e validando estas emoções e sentimentos, estamos fazendo uma integração dos dois hemisférios cerebrais de nossos filhos.


Outra questão a se considerar é que não devemos desprezar ou negar o sentimento que está ocorrendo num momento presente com o nosso filho. É um fato real a expressão emocional dele e para redirecionar e ajuda-lo(a) a ter uma compreensão do seu momento, podemos constatar, por exemplo, que percebemos que seu joelho ou arranhão possa estar doendo. A seguir, podemos ir conduzindo fazendo-o(a) identificar o que ocorreu. A seguir, e, ainda dentro deste exemplo, podemos trazer a constatação de que a mamãe ou o papai vieram ajudá-la e cuidaram do seu machucado. Após trazer-lhe esta sequencia e percepção de fatos, dentro do seu evento emocional aversivo, podemos lembra-la de que, a seguir, nós a abraçamos, perguntar como ela se sentiu.

Aqui é, também um momento onde podemos trazer que gostamos de poder abraça-la e de que é bom sentir que ela se sentiu melhor. Portanto, se fizermos com que a criança se conecte de forma linear aos acontecimentos e emoções de um fato específico, iremos ajuda-la nesta integração e regulação emocional. Finalmente podemos até perguntar se ela quer uma repetição de um abraço da mamãe ou do papai. Esta é uma forma de atuarmos para a reorganizarmos de forma mais saudável.


Sempre que estimulamos nossos filhos a falarem sobre o que lhe ocorreu, ao memo tempo em que buscamos que ele(a) traga e identifique a sua emoção, haverá uma ativação de pensamento linear no relato descritivo do acontecimento e um reconhecimento da emoção surgida. Percebam que esta emoção deixa de ser apenas uma enchente emocional para, assim, passar a ser algo que a sua criança consegue nominar e pensar sobre, sempre com a nossa ajuda e redirecionamento.


Outra coisa muito boa é ensinar nossas crianças sobre os dois lados do nosso cérebro, caso seja compatível com a sua idade e capacidade de compreensão. Podemos usar desenhos e mostrar estes dois momentos, também, podemos ensiná-la a usar os recursos da respiração para se acalmar. Existem muitas técnicas dirigidas para crianças, onde ela própria pode aprender a reconhecer, quando chega o seu momento onde ela precisa sentir se tranquilizar, sentindo o ar que entra e sai dos seus pulmões, no momento da sua respiração.

O livro Treinamento da flexibilidade: Quando nós e nossas crianças enlouquecemos, traz uma série de atividades e manejos, para que você, pai, mãe, professor ou terapeuta utilizar para ajudar seu filho, aluno ou cliente a reconhecer suas emoções, usar técnicas de mindfulness infantil e buscar esta integração do emocional e o racional para o seu filho.


Para finalizar, quero voltar a ressaltar que somos modelos de enfrentamento e de funcionamento para nossos filhos. Se queremos que eles aprendam a buscar sua flexibilidade emocional e o aprendizado da integração de seus dois hemisférios cerebrais, temos, também de buscar o nosso aprendizado pessoal.


Obrigada pela atenção,


Psicóloga Jane Brito Lopes



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